segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Volkswagen Gol

 

                                             
     Do total de 15 milhões de VW fabricados no Brasil, o Gol responde por quase um terço das vendas.

     Desde que foi lançado, em maio de 1980, foram 4 milhões de unidades, ao longo de três gerações. Não por coincidência, ele é o campeão de vendas há 18 anos. Ele foi concebido para a indigesta missão de suceder o Fusca, do qual herdou parte da mecânica e quase pagou caro por isso. Mas, corrigida a derrapagem na saída, o Gol não amarelou e em 2001, com 3,2 milhões de unidades produzidas, mandou para escanteio o recorde de carros vendidos no Brasil, que era justamente do Fusca.


     O sucesso começou a tomar forma cinco anos antes do lançamento, numa sala da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Mais precisamente, a sala do pessoal de estilo. A VW do Brasil estava sob o mandato do carismático Rudolf Leiding, que sairia daqui pouco depois para assumir a presidência mundial, em 1976. Leiding, um freqüentador bissexto do setor de projetos nos fins de tarde, acompanhava de perto o trabalho de três entusiasmados projetistas: Márcio Piancastrelli, o chefe, José Vicente Martins, mais conhecido como "Jota", e George Oba. Diante do avanço do Chevette e do fato de o Fiat 147 já estar na rampa de lançamento, os três iniciaram estudos para um carro compacto com motor dianteiro refrigerado a ar, aproveitado do Fusca. Entre as premissas do projeto estava o consumo. Vale lembrar que a fábrica já dispunha de uma opção bem mais moderna de motor, o 1.5 refrigerado a água do Passat, lançado em 1974. Mas a produção não estava preparada para suprir a demanda desse motor no caso de um carro de grande volume de vendas, destino previsto - e depois confirmado - para o projeto BX, que viria a ser chamado de Gol. O nome Angra também chegou a ser cogitado, mas foi descartado por lembrar as usinas nucleares de Angra dos Reis, projeto polêmico dos anos 70.






     O motor podia ser o já esgotado 1300, mas a estrutura do Gol era totalmente nova. "A ordem era abandonar o 'bacalhau' e colocar o motor a ar na era monobloco", diz Piancastrelli, referindo-se ao eclético chassi com o protuberante túnel central.

     Por questões de praticidade - mas principalmente para facilitar a aprovação do projeto -, o trio de designers foi deslocado para o QG da Audi, do mesmo grupo VW, localizado em Ingolstadt, na Alemanha. Parada dura, o "nosso" projeto disputava com o trabalho desenvolvido pelo pessoal da matriz, em Wolfsburg. Ainda que os três tenham voltado vitoriosos para cá, eles são unânimes em dizer que os colegas da matriz deram sua contribuição ao nosso primeiro Gol. Durante o período de testes, acreditava-se que as formas do Gol seriam as do Audi 50, gêmeo do Polo. Pelo menos foi sob esse disfarce que rodaram os primeiros protótipos, que tinham a frente semelhante à dos antigos Passat com faróis redondos.

     Quando finalmente os primeiros Gol chegaram às mãos dos proprietários, a decepção só não foi maior porque a imprensa especializada havia antecipado o que todo mundo já presumia. Além do desenho moderno - não faltaram os que criticaram sua traseira "cortada a machado" -, ele tinha qualidades como espaço razoável para os passageiros de trás, porta-malas compatível com a proposta do carro e a possibilidade de acomodar mais carga com o banco traseiro rebatido. E os passageiros da frente contavam com cintos de segurança de três pontos retráteis. Mesmo com ignição eletrônica e contando com aperfeiçoamentos que lhe valeram 4 cavalos a mais que o Fusca 1300, o Gol se mostrou preguiçoso e nem tão comedido diante da bomba de gasolina. No primeiro teste feito pela revista QUATRO RODAS, ele demorou 30,27 segundos para ir de 0 a 100 km/h. E a média de consumo ficou em 12,38 km/l, número aquém do esperado para um carro de sua categoria. A estabilidade proporcionada pela moderna suspensão e a direção precisa foram motivo de elogios no teste, assim como a novidade do câmbio, que dispensava troca de óleo.

     Não demorou para que a VW oferecesse a opção com motor 1600 com dupla carburação, nas versões de acabamento L e LS. E conseguisse solucionar um crime, o roubo de espaço do porta-malas pelo estepe, instalado atrás desde o aparecimento do Gol a álcool, com dupla carburação. De volta ao devido lugar, o vilão foi condenado a passar a vida deitado com a parte côncava da roda sobre o carburador, encobrindo o filtro de ar. Elementar, meu caro...
                                        



               
     "O 1300 foi um chute para as arquibancadas; o 1600 é um Gol." Foi com essas palavras que o jornalista Claudio Carsughi iniciou o texto do primeiro teste do novo motor, na edição de março de 1981. Com 66 cavalos, o carro acordou e baixou o tempo do 0 a 100 em nada menos que 12 segundos (!). A máxima passou de 128 para 139 km/h. E ficou mais econômico, com uma média de 13,4 km/l.

     Aproveitando o ano do mundial de futebol na Espanha, em 1982, a VW lançou uma série especial, o Gol Copa. É o modelo que ilustra esta reportagem, e que contava 30000 quilômetros no hodômetro quando foi fotografado. Tinha alguns itens exclusivos, tais como a cor azul-metálico, rodas de liga leve e faróis auxiliares, além de pneus radiais de série.

     Em março de 1984, uma versão esportiva do Gol inaugurava o uso do motor refrigerado a água no modelo. Era o Gol GT 1.8, uma versão esportiva com o motor que viria a equipar o Santana com comando de válvulas importado do Golf GTi, capaz de ir de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos. Tinha rodas de alumínio aro 14, faróis de longo alcance, grade na cor da carroceria e spoiler. No entanto, o motor a refrigerado a água só seria incorporado à linha Gol em 1985, com os famosos AP 1.6. Em 1988, o Gol GTi 1.8 trouxe para o Brasil a era da injeção eletrônica.


     Em 1990, o modelo intermediário do VW Gol, o CL, era movido por um motor 1.6 Ford, fruto da associação entre as duas montadoras, a Autolatina, um acordo que durou até 1996.

                                   
(Gol CL 1.6 de um amigo,Danilo B.)


                                                             





     Para enfrentar o Mille, em 1992, veio o despojado Gol 1000, que fazia o papel de carro de entrada, o eleito dos frotistas. Sobreviveu até 1996, quando transformou em passado a fase "quadrada" e o carburador, na linha Gol. Em setembro de 1994 iniciou-se o reinado do Geração II, que ficou conhecido como "Bolinha".





O Teste de Quatro Rodas


Aceleração:
0 a 100 km/h - 18,2s

Velocidade máxima:
139 km/h

Frenagem:
80 a 0 km/h - 34,1m

Consumo:
média de 13 km/l

Ficha técnica

Volkswagen Gol 1600

Motor:
Dianteiro, 4 cil. contrapostos, refrigerado a ar, 1584 cm3

Potência:
66 cv (4600 rpm)

Torque máximo:
12 mkgf (3200 rpm)

Câmbio:
Manual, 4 marchas, tração dianteira

Carroceria:
Hatch, monobloco, 2 portas

Dimensões:
Compr., 379 cm; larg., 160 cm; alt., 137 cm

Peso:
808 kg

Suspensão:
Diant.: tipo McPherson, braços triangulares e molas helicoidais. Tras.: semi-independente

Freios:
Disco na frente e tambor atrás

Direção:
Setor e rosca sem-fim

Preço (fev/1981):
432216 cruzeiros

Preço atualizado:
42392 reais
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                                                            Gol G3:




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Gol G4:



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